Reações na mídia a partir da declaração do cardeal Ouellet
QUÉBEC, segunda-feira, 31 de maio de 2010 (ZENIT.org). A assembleia dos bispos católicos de Québec convidou a "recriar um clima de serenidade e de respeito para um diálogo público racional", após as reações em rede, desencadeadas nos meios de comunicação, provocadas pela declaração sobre o aborto do arcebispo de Quebec, cardeal Marc Ouellet.
Em uma conferência de que participou em Québec, perante os membros de um movimento pró-vida no último dia 15 de maio, o cardeal Ouellet falou amplamente sobre a questão do aborto.
Convidou a tomar consciência de que o aborto quer dizer causar a morte de um ser humano, que será sempre um crime, como disse o Concílio Vaticano II, embora este crime não esteja "legalmente" reprimido.
Mostrando a perda do senso moral na sociedade canadense, considerou que a "delicada" escolha do aborto sempre tem "conseqüências morais, psicológicas e sociais graves".
"O ser humano no seio materno" deve ser "respeitado porque é uma pessoa humana", ainda que "chegue com uma doença ou deformação, embora possa importunar a carreira de uma mulher que não lhe esperava".
Referiu-se, também, às conseqüências dolorosas desta escolha para as mulheres e desejou que se oferecesse "mais atenção" às "mulheres em perigo".
"É necessário apoiar, ajudar, escutar, sugerir e manifestar muito carinho", disse, e lamentou que não "seja promovida mais" a adoção.
O cardeal também se referiu ao caso de uma mulher violada, recordando que a criança não é responsável.
"O agressor não é o menino; é o outro", "acredita que a mulher ajuda, para reparar um crime, cometer um crime?".
A urgência de um diálogo pacífico
Estas declarações causaram fortes reações dos meios de comunicação canadenses, que refletiram as reações de membros de diferentes partidos políticos e de movimentos pró-aborto, para os quais as declarações do cardeal intentavam reabrir o debate sobre o aborto.
Em um comunicado publicado em 17 de maio, o bispo de Trois-Rivières e o presidente da assembléia dos bispos católicos de Quebec, Dom Martin Veillette, destacou "a urgência de um diálogo pacífico".
Dom Veillette chamou tanto aos "pró-vida" como aos "pró-aborto" para chegar a um acordo "sobre a necessidade absoluta de aplicar medidas para que toda mulher grávida com risco possa ser acompanhada, ajudada, abrigada e amada".
Despertar as consciências ao drama do aborto
O diretor de comunicação da Igreja Católica em Quebec, M. Jasmin Lemieux-Lefebvre, também reagiu a estas imediatas reações suscitadas pelo cardeal Ouellet.
Recordou que o cardeal não condenou "mulher alguma", mas que desejou que "ajudem-nas antes ou depois do aborto".
"Ele entende a angústia que conduz a esta dolorosa escolha", declarou. "As mães e os pais merecem o apoio da sociedade inteira para evitar que elas cheguem ao aborto. Deve-se facilitar a adoção".
"Quando o cardeal convida a reabrir a questão do aborto, é para oferecer uma proteção ao menino no seio materno", disse.
E lembrou que "o Canadá é o único país do mundo que mantém um total vazio jurídico neste tema".
E concluiu: "Porém, a prioridade nestes momentos não é a penalização, mas um despertar moral e uma educação das consciências face ao drama do aborto".
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